Sonho do Juízo Final

Primeiro dos Sonhos e discursos de verdades descobridoras de abusos, vícios e enganos em todos os ofícios e estados do mundo de Francisco de Quevedo, publicado em 1627 junto a “O aguazil endemoniado”, o “Sonho do Inferno”, “O Mundo por dentro” e o “Sonho da morte” e republicado em 1631 numa versão expurgada pela censura sob o nome de “Sonho das caveiras” no mesmo livro, rebatizado como Brinquedinhos de criança.

Tradução de Marcelo Consentino

(Um soneto a título de epígrafe)
Amor constante mas allá de la muerte

Fechar poderá meus olhos a derradeira
sombra que levarei no branco dia,
e poderá desatar minh’alma vadia
ora a seu afã ansioso lisonjeira:

mas não, desta outra parte, na ribeira,
deixará a memória, onde ardia:
nadar sabe minha chama a água fria,
e perder o respeito à lei certeira.

Alma a quem um deus prisão tem sido,
veias que humor a tanto fogo têm dado,
medulas que têm gloriosamente ardido,

seu corpo deixará, não seu cuidado;
serão cinza, mas terá sentido;
pó serão, mas pó apaixonado.

Cerrar podrá mis ojos la postrera
sombra que me llevare el blanco día,
y podrá desatar esta alma mía
hora a su afán ansioso lisonjera;

mas no, de esotra parte, en la ribera,
dejará la memoria, en donde ardía:
nadar sabe mi llama la agua fría,
y perder el respeto a ley severa.

Alma a quien todo un dios prisión ha sido,
venas que humor a tanto fuego han dado,
médulas que han gloriosamente ardido,

su cuerpo dejará, no su cuidado;
serán ceniza, mas tendrá sentido;
polvo serán, mas polvo enamorado.

*
El sueño del Juicio Final

Ao conde de Lemos, presidente das Índias.

Às mãos de V. Excelência vão estas desnudas verdades que buscam não quem as vista, mas quem lhes consinta, que a tal tempo chegamos que, sendo tão sumo bem, temos de rogar com ele. Promete-se segurança somente nelas. Viva vossa Excelência para honra de nossa época.

DON FRANCISCO QUEVEDO VILLEGAS.

Os sonhos diz Homero que são de Júpiter e que ele os envia, e em outro lugar que se há de crer. É assim quando tocam em coisas importantes e piedosas ou as sonham reis e grandes senhores, como se colige do doutíssimo e admirável Propércio nestes versos:

Nec tu sperne piis venientia somnia portis:
cum pia venerunt somnia, pondus habent.

 [Não desprezes os sonhos quando vêm das santas portas:
quando sonhos santos chegam, têm peso]

Digo-o a propósito que tenho por caído do céu um que eu tive nestas noites passadas, tendo fechado os olhos com o livro do Beato Hipólito do fim do mundo e segunda vinda de Cristo, o qual foi em razão do sonhar que vi o Juízo Final. E ainda que em casa de um poeta seja coisa dificultosa crer que tenha juízo mesmo que por sonhos, o tive em mim pela razão que dá Cláudio no prefácio ao livro 2 do Rapto, dizendo que todos os animais sonham de noite como sombras do que trataram de dia; e Petrônio Arbitro diz:

Et canis in somnis leporis vestigia latrat

[E o cão no sonho late atrás da lebre]

e falando dos juízes:

Et pauidi cernunt inclusum chorte tribunal

[E tomados de pavor, eles veem o tribunal em audiência]

Pareceu-me, pois, que via um mancebo que discorrendo pelo ar dava voz de seu alento a uma trombeta, enfeando com sua força em parte sua formosura. Achou o som obediência nos mármores e ouvido nos mortos, e assim no ato começou a mover-se toda a terra e a dar licença aos ossos, que andavam já uns em busca dos outros; e passando tempo, ainda que tenha sido breve, vi os que haviam sido soldados e capitães levantar-se dos sepulcros com ira, julgando-a um sinal de guerra; aos avarentos com ânsias e angústias, temendo algum alarme, e aqueles dados à vaidade e gula, sendo áspero o som, o tiveram por coisa de sarau ou caça. Isto reconhecia eu nos semblantes de cada um e não vi que chegasse o ruído da trompa em orelha que se persuadisse de que era coisa de juízo. Depois notei a maneira como algumas almas vinham com asco, e outras com medo fugiam dos seus antigos corpos. A um faltava um braço, a outro um olho, e dei risadas ao ver a diversidade de figuras e admirou-me a providência de Deus em que, estando embaralhados uns com os outros, ninguém por erro de conta se punha as pernas nem os membros dos vizinhos. Só em um cemitério me pareceu que andavam destroncando cabeças e que via um escrivão a quem não vinha bem a alma e quis dizer que não era sua para descartar-se dela.

Já depois que a notícia a todos chegou que era o dia do Juízo, era de se ver como os luxuriosos não queriam que achassem seus olhos para não levar ao tribunal testemunhas contra si, os maldizentes as línguas, os ladrões e matadores gastavam os pés em fugir de suas próprias mãos. E volvendo-me a um lado vi um avarento que estava perguntando a alguém, que por ter sido embalsamado e estarem longe suas tripas não haviam chegado, se haviam de ressuscitar naquele dia todos os enterrados, se ressuscitariam uns bolsões seus. Riria se não me lastimasse em outra parte o afã com que uma grande chusma de escrivães andavam fugindo de suas orelhas, desejando não as levar para não ouvir o que esperavam, mas sozinhos foram sem elas os que aqui as haviam perdido aos ladrões, que por descuido não foram todos. Mas o que mais me espantou foi ver os corpos de dois ou três mercadores que haviam calçado as almas ao revés e tinham todos os cinco sentidos nas unhas da mão direita.

Eu via tudo isso de uma costa muito alta, até um momento em que ouvi darem vozes a meus pés que me apartasse, e mal o fiz quando começaram a tirar as cabeças muitas mulheres formosas, chamando-me descortês e grosseiro porque não tinha tido mais respeito pelas damas, que mesmo no inferno estão as tais sem perder esta loucura. Saíram fora mui alegres de ver-se galhardas e desnudas. E que tanta gente as visse, ainda que logo, sabendo que era o dia da ira e que a formosura as estava acusando secretamente, começaram a caminhar ao vale com passos mais entretidos. Uma que havia sido casada sete vezes, ia trançando desculpas para todos os maridos. Outra delas, que havia sido pública rameira, não chegando ao vale não fazia mais que dizer que haviam esquecido os molares e uma sobrancelha, e volvia e se detinha, porém ao fim chegou à vista do teatro, e foi tanta a gente das que havia ajudado a perder e que apontando-lhe davam gritos contra ela, que quis se esconder entre uma caterva de colchetes, parecendo-lhe que aquela não era gente de conta mesmo naquele dia.

Divertiu-me disto um grande ruído, já que pela margem de um rio adiante vinha gente em quantidade atrás de um médico (que depois soube o que era na sentença). Eram homens que ele havia despachado sem razão antes do tempo, pelo qual haviam sido condenados, e vinham para fazer com que ele aparecesse, e ao fim, por força o puseram diante do trono. Ao meu lado esquerdo ouvi como o ruído de alguém que nadava, e vi um juiz que o havia sido, que estava no meio do córrego lavando suas mãos, e isto fazia muitas vezes. Cheguei a perguntar-lhe por que se lavava tanto e disse-me que em vida, sobre certos negócios, as tinham untado, e que estava porfiando ali para não aparecer com elas daquele jeito ante a universal residência. Era de se ver como uma legião de demônios com açoites, paus e outros instrumentos traziam à audiência uma multidão de taberneiros, alfaiates, livreiros e sapateiros, que de medo se faziam surdos, e ainda que tivessem ressuscitado não queriam sair da sepultura. No caminho por onde passavam, ao ruído tirou um advogado a cabeça e perguntou-lhes aonde iam, e responderam-lhe, ao justo juízo de Deus, que era chegado; e o tal, enfiando-se mais fundo, disse:

– Isto me pouparei de andar depois, se hei de ir mais baixo.

Ia suando um taberneiro de angústia tanto que, cansado, se deixava cair a cada passo, e a mim me pareceu que lhe disse um demônio:

– Já basta que sueis a água; não nos a venda por vinho.

Um dos alfaiates, pequeno de corpo, redondo de cara, más barbas e piores feitos, não fazia senão dizer:

– Que pude furtar eu, se andava sempre morrendo de fome?

E os outros lhe diziam, vendo que negava ter sido ladrão, que se tratava de desprezo por seu ofício. Toparam com uns salteadores e capeadores públicos que andavam fugindo uns dos outros, e logo os diabos os enquadraram dizendo que os salteadores podiam entrar perfeitamente bem no grupo, porque eram a seu modo alfaiates silvestres e monteses, como gatos do campo. Houve uma pendência entre eles sobre ofenderem-se uns de ir com os outros, e ao fim juntos chegaram ao vale. Atrás deles vinha a Loucura em uma tropa com seus quatro costados: poetas, músicos, enamorados e valentes, gente em tudo alheia a este dia. Puseram-se de um lado, onde estavam os algozes, judeus e filósofos, e diziam juntos, vendo os sumos pontífices em assentos de glória:

– Diferentemente se aproveitam os Papas dos narizes que nós outros, pois com dez varas deles não vimos o que trazíamos entre as mãos.

Andavam contando-se dois ou três procuradores as caras que tinham e espantavam-se que lhes sobrassem tantas tendo vivido descaradamente. Ao fim vi todos fazerem silêncio.

O trono era onde trabalharam a omnipotência e o milagre. Deus estava vestido de si mesmo, formoso para os santos e zangado para os perdidos, e o sol e as estrelas pendurados na boca, o vento parou e mudo, a água recostada em suas orelhas, suspensa a terra temerosa em seus filhos; e ela ameaçava ao que lhe ensinou com seu mal piores costumes. Todos em geral pensativos: os justos em que graças dariam a Deus, como rogariam por si, e os maus em dar desculpas. Andavam os anjos da guarda mostrando em seus passos e cores as contas que tinham de dar de seus encomendados, e os demônios repassando suas máculas e processos; no fim todos os defensores estavam na parte de dentro e os acusadores na de fora. Estavam os Dez Mandamentos de guarda numa porta tão estreita, que os que estavam em puros jejuns ainda fracos tinham algo que deixar na estreiteza. De um lado estavam juntas as Desgraças, Peste e Pesares dando vozes contra os médicos. Dizia a Peste que ela os havia ferido, mas que eles os haviam despachado; os Pesares, que não haviam matado ninguém sem ajuda dos doutores; e as Desgraças, que todos os que haviam enterrado tinham ido por ambos. Com isso os médicos ficaram com a obrigação de dar conta dos defuntos, e assim, ainda que os néscios dissessem que eles tinham matado mais, se puseram os médicos com papel e tinta em um alto, com sua tabela, e nomeando a gente logo saía um deles e em alta voz dizia:

– Ante mim passou a tantos de tal mês, etc.

Começou-se por Adão a conta, e para que se veja se ia escrita direita, até de uma maçã pediram-na a ele tão rigorosa que se ouvia dizer Judas:

– Que tal a darei eu, que vendi ao mesmo dono um cordeiro?

Passaram os primeiros pais, veio o Testamento Novo, puseram-se em seus assentos ao lado de Deus os Apóstolos todos com o santo pescador. Logo chegou um diabo e disse:

– Este é o que marcou com a mão ao que São João com o dedo –; e foi o que deu a bofetada em Cristo. Julgou o mesmo sua causa e deram com ele nos subsolos do mundo.

Via-se como entravam alguns pobres entre meia dúzia de reis que tropeçavam com as coroas, vendo entrar as dos sacerdotes tão sem deter-se. Assomaram às cabeças Herodes e Pilatos, e cada um conhecendo no juiz, ainda que glorioso, suas iras, dizia Pilatos:

– Isso merece quem quis ser governador da judeuzada –; e Herodes:

– Eu não posso ir ao céu –, pois no limbo não quererão se fiar mais de mim os inocentes com as novas que têm dos outros que despachei; por força devo ir ao inferno, que ao fim é pousada conhecida.

Chegou nisto um homem desaforado de carranca e alargando a mão disse:

– Esta é a carta de exame.

Admiram-se todos e perguntaram os porteiros quem era, e ele em altas vozes respondeu:

– Mestre de esgrima examinado, e dos mais destros do mundo.

E tirando outros papéis de um lado, disse que aqueles eram os testemunhos de suas façanhas. Caíram no solo por descuido os testemunhos e foram a um tempo a levantá-los dois diabos e um delegado e ele os levantou primeiro que os diabos. Chegou um anjo e alargou o braço para agarrá-lo e metê-lo dentro, e ele, retirando-se, alargou o seu e dando um salto disse:

– Esta de punho é irreparável, e se me quereis provar eu darei boa conta.

Riram-se todos, e um oficial algo moreno lhe perguntou que novas tinha de sua alma; pediram-lhe não sei que coisas e respondeu que não sabia golpes contra os inimigos dela. Mandaram-lhe que fosse em linha reta ao inferno, e ele replicou dizendo que deviam tê-lo por destro do livro matemático, que ele não sabia que era linha reta; fizeram-lhe aprender e dizendo: “Entre outro”, o jogaram.

E chegaram uns despenseiros com contas (e não as rezando) e no ruído com que vinha a turba disse um ministro:

– Despenseiros são.

E outros disseram:

– Não são.

E outros:

– Sim são.

E deu-lhes tanto pesar a palavra “cisão”, que se turbaram muito. Contudo, pediram que os buscasse seu advogado, e disse um diabo:

– Aí está Judas, que é o apóstolo descartado.

Quando eles ouviram isto, volvendo-se a outro diabo que não se dava mãos a sinalizar olhos para ler, disseram:

– Ninguém olhe e vamos quebrar a banca e tomar infinitos séculos de purgatório.

O diabo, como bom jogador, disse:

– Quebrar a banca? Não tendes bom jogo.

Começou a descobrir e eles, vendo que olhava, se jogaram embaralhados de sua bela graça.

Porém vozes como aquelas que vinham atrás de um mal-aventurado padeiro não se ouviram jamais, de homens esquartejados, e pedindo-lhe que declarasse no que havia acomodado suas carnes, confessou que nas tortas, e mandaram que lhes fossem restituídos seus membros de qualquer estômago em que se achassem. Disseram-lhe se queria ser julgado e respondeu que sim, por Deus e pela ventura. A primeira acusação dizia não sei que de gato por lebre, tantos de ossos (e não da mesma carne, mas adventícios), tanto de ovelha e cabra, cavalo e cachorro. E quando ele viu que provavam que em suas tortas haviam sido encontrados mais animais que na arca de Noé, porque nela não haviam ratões nem moscas e nelas sim, volveu as costas e deixou-os com a palavra na boca.

Foram julgados filósofos, e era de se ver como ocupavam seus entendimentos em fazer silogismos contra sua salvação. Mas dos poetas notou-se, que como puros loucos queriam fazer Deus crer que era Júpiter e que por ele diziam todas as coisas, e Virgílio andava com suas Sicelides musae dizendo que era nascimento de Cristo. Mas saltou um diabo e disse não sei que de Mecenas e Otávia, e que haviam mil vezes adorado uns chifrezinhos seus, que os trazia por ser dia de mais festa; contou não sei que coisas. E ao fim, chegando Orfeu, como mais antigo, a falar por todos, lhe mandaram que volvesse outra vez a fazer o experimento de entrar no inferno para sair, e aos demais, para mostrar-lhes o caminho, que o acompanhassem.

Chegou depois deles um avarento à porta e foi perguntando que queria, dizendo-lhe que os Dez Mandamentos guardavam aquela porta de quem não os tinha guardado, e ele disse que em coisas de guardar era impossível que houvesse pecado. Leu o primeiro: “Amar a Deus sobre todas as coisas” , e disse que ele só aguardava tê-las para amar a Deus sobre elas. “Não jurar seu nome em vão”, disse que mesmo o jurando falsamente sempre havia sido por mui grande interesse, e que assim não havia sido em vão. “Guardar as festas”, estas e também os dias de trabalho guardava e escondia. “Honrar pai e mãe”: – Sempre lhes tirei o chapéu – “Não matar”: – Para guardar este não comia, por ser matar a fome comer. “Não fornicarás”: – Em coisas que custam dinheiro já está dito. “Não levantar falso testemunho”. – Aqui – disse um diabo – é o negócio, avarento, que se confessas tê-lo levantado te condenas, e se não, diante do juiz o levantarás no ato.

Enfadou-se o avarento e disse:

– Se não hei de entrar não gastemos tempo, que até a ele recuso gastar.

Convenceu-se com sua vida e foi levado aonde merecia.

Entraram nisso muitos ladrões e salvaram-se deles alguns enforcados; e de tal maneira foi o ânimo que tomaram os escrivães, que estavam diante de Maomé, Lutero e Judas, vendo salvar ladrões, que entraram de golpe a ser sentenciados, coisa que valeu aos diabos mui grande risada de ver.

Os anjos da guarda começaram a se esforçar e a chamar por advogados os Evangelistas. Deram princípio à acusação dos demônios, e não a faziam nos processos que tinham feitos de suas culpas, senão com os que eles haviam feito nesta vida. Disseram primeiro:

– Estes, Senhor, a maior culpa sua é serem escrivães.

E eles responderam a vozes, pensando que dissimulariam algo, que não eram senão secretários. Os anjos advogados começaram a descarregar. Um dizia:

– É batizado e membro da Igreja.

E não tiveram muitos deles que dizer outra coisa. Ao fim se salvaram dois ou três, e aos demais disseram os demônios:

– Já entendem.

Piscaram-lhes dizendo que eram importantes ali para jurar contra certa gente, e vendo que por ser cristãos davam mais pena que os gentios, alegaram que o sê-lo não era por sua culpa, que os batizaram quando crianças, e assim, que os padrinhos a tinham.

Digo a verdade que vi Judas tão próximo de atrever-se a entrar em juízo, e Maomé e Lutero, animados de ver salvarem um escrivão, que me espantei que não o fizessem. Só lhes estorvou aquele médico que disse, que forçado pelos que o tinham traído, apareceram ele e um boticário e um barbeiro, aos quais disse um diabo que tinha as cópias:

– Ante este doutor passaram os mais defuntos, com ajuda deste boticário e barbeiro, e a eles se deve grande parte deste dia.

Alegou um anjo pelo boticário que dava de balde aos pobres, porém disse um diabo que falava por sua conta que haviam sido mais danosas duas botelhas de sua loja que dez mil de pica na guerra, porque todas as suas medicinas eram espúrias, e que com isso havia feito liga numa peste e havia destruído dois lugares. O médico se desculpava com ele, e ao fim o boticário foi condenado, e o médico e o barbeiro, intercedendo São Cosme e São Damião, se salvaram.

Foi condenado um advogado porque tinha todos os direitos com corcovas, quando, descoberto um homem que estava atrás dele engatinhando, para que não o vissem, e perguntado quem era, disse que cômico; porém um diabo, muito enfadado, replicou:

– Farandoleiro! e poderia ter evitado esta vinda, sabendo o que há.

Juro de ir e fosse ao inferno sobre sua palavra.

 

Tradução: Marcelo Consentino